sábado, 13 de janeiro de 2018

A ENDEMIA DA CORRUPÇÃO

A tática para manter o foro

Senadores encalacrados na Lava Jato abriram mão da reeleição para tentar uma vaga na Câmara. Seria o caminho mais curto para o foro privilegiado, mas estratégia pode naufragar 

DO CÉU AO INFERNO - O senador Aécio já disputou a Presidência e agora aceita uma vaga na Câmara. CAMPEÃO DE PROCESSOS, Renan Calheiros responde a 17 processos e sabe que a reeleição será difícil. NÃO É NADA LINDO Para manter o foro, o senador Lindbergh vai ter que se contentar com vaga no tapete verde SEM SAÍDA Identificada como “Coxa” nas planilhas da Odebrecht, a senadora Gleisi está com a imagem desgastada  

Enquanto o STF condenou apenas cinco políticos envolvidos na Operação Lava Jato, as instâncias inferiores mandaram para a cadeia 116 acusados. Esse balanço explica por que vários políticos desistiram de tentar a reeleição no Senado e preferiram se candidatar à Câmara. Eles acreditam que têm mais chance na eleição proporcional do que na disputa majoritária. E, caso eleitos deputados federais, vão manter uma condição essencial para continuarem em liberdade: o foro privilegiado, exatamente a prerrogativa de serem processados pelo STF. Sem o escudo do mandato parlamentar, serão alvo da Justiça Comum. Ali, os processos correm mais rápido.

Com o receio de não conseguir se reeleger para o Senado, os petistas Gleisi Hoffmann (RS), Lindbergh Farias (RJ) e Humberto Costa (PE), além do tucano Aécio Neves (MG) e do peemedebista Renan Calheiros (AL) decidiram disputar um cargo de deputado federal em outubro, abrindo mão de novo mandato na Alta Casa. Sabem que, processados na Lava Jato, teriam muita dificuldade em obter milhões de votos. É mais fácil buscar alguns milhares e garantir a vaga na Câmara.
Os três petistas estão assustadíssimos com o risco de perderem direito ao foro privilegiado. Eles estão atolados na lama da Lava Jato, mas seus processos correm a passos lentos no STF. Segundo a assessoria do Supremo, apenas Humberto Costa ainda não é acusado. A investigação está nas mãos da PF, mas deve subir logo para o crivo dos ministros do tribunal. Gleisi, que é também presidente do PT, está prestes a acertar as contas com a Justiça. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo a condenação da senadora por ter recebido propina de R$ 1 milhão no esquema de corrupção na Petrobrás.
Lindbergh foi denunciado por suspeita de corrupção passiva por ter recebido propina da Odebrecht entre 2008 e 2010.
O ex-presidente do Senado, Renan Calheiros, é alvo de 17 inquéritos abertos com a autorização do STF e sabe que dificilmente repetirá a mesma votação que o elegeu em 2010, quanto obteve 840 mil votos para o Senado. Outro que vai disputar cadeira de deputado federal é o ex-presidente do PSDB, Aécio Neves (MG). De postulante à Presidência da República em 2014, o senador chegou a ser afastado de suas funções após pedir R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista.
A tática, no entanto, pode ter vida curta. O ministro Dias Tóffoli pediu vistas no processo que determina a restrição do foro privilegiado aos crimes de parlamentares relacionados ao exercício do mandato em vigor. Os demais crimes competem à Justiça Comum. Qualquer que seja o voto de Toffoli, a decisão do STF já está tomada por 8 a zero. O privilégio está com os dias contados (será?).

Já na outra ponta não escapa ninguém. De FHC, Lula, Dilma e Temer a pedra está no calcanhar de todos e o povo brasileiro, inerte, pagando as contas dos rombos bilionários praticados pelas centenas de envolvidos, os quais se acham prejudicados por "acusações" levianas, já que "nunca desviaram recursos e nem conhecem os outros envolvidos". 

No jogo da propina que desmoraliza as pessoas do bem praticados por esses "paladinos" da desonestidade, que estão mais para Al Capone do que para Gandhi, permitem que alguns assimilem de que "ser corrupto no Brasil é possível a partir do momento que se entra na política", bem como, de que a impunidade se caracteriza para quem rouba muito, porém, quem rouba pouco deverá pagar na cadeira, ser retirado da sociedade e sucumbir-se nos fétidos presídios brasileiros, não podendo estes gozar das benesses, por exemplo, que goza na prisão o ex governador Sérgio Cabral.
A corrupção no Brasil

BRASIL, UM MAR DE LAMA ONDE SE BANHAM A MAIORIA DOS POLÍTICOS BRASILEIROS.